Ao analisarmos o momento que estamos vivendo percebemos grande influência que a internet tem proporcionado na nossa forma de pesquisar, de obter conhecimento, de nos relacionarmos e até de vivermos. A internet com suas características atuais tem modificado a forma como aprendemos também. Percebemos uma evolução dos ambientes virtuais de aprendizagem ao longo dos anos.

Ao traçarmos uma evolução histórica, podemos dizer que no começo dos anos 2000 o ambiente virtual de aprendizagem era mais estático com o foco nas discussões em fóruns e compartilhamento de atividades. Em seguida, por volta de 2003 a 2010 o desafio era atividades automáticas, a superação em relação a construção do conteúdo em formato scorm. Em um terceiro momento, a partir de 2010 vemos um esforço em relação à integração com ferramentas externas ao AVA trazendo assim novas funcionalidades e novos recursos.

E qual é o futuro do AVA tendo em vista a facilidade de pesquisa de conteúdos? O AVA vai acabar?

Brown, Dehoney e Millichap (2015) em um estudo para a Educase denominam a próxima geração do LMS como NGDLE (Next Generation Digital Learning Environment) em que é definido um ambiente virtual desenvolvido com maior flexibilidade, suportado ao design universal e voltado a desempenhar um papel maior na avaliação da aprendizagem formativa. De acordo com o conceito do NGDLE pressupõe-se mais do que apenas um ambiente fechado como o tradicional AVA, mas com cinco características de base central:

  • Interoperabilidade e Integração

Interoperabilidade é a capacidade de um sistema se comunicar com outro de forma transparente, possibilitando integração de ferramentas, exportação de dados, transferência e utilização de conteúdos em formatos comuns.

A troca de dados sem impedimentos é primordial para habilitar a agregação, integração e análise de dados educacionais. O LMS da próxima geração deve habilitar a criação de novos padrões interoperáveis assim como ser compatível com outros modelos. De forma suficiente fácil para utilização sem a necessidade da ajuda de equipe de TI.

 

  • Personalização

A personalização está relacionada com a interoperabilização. É, talvez, o item mais importante das características do NGDLE, pois está relacionado com a experiência do usuário.

A personalização tem dois aspectos, o primeiro está relacionado com a configuração de trilhas e roteiros de atividades a serem realizadas a fim de se chegar a um objetivo pedagógico, o que já acontece atualmente nos AVAs.

E o segundo aspecto é em relação a aprendizagem adaptativa que proporciona ao estudante através de um sistema automático o acompanhamento e sugestões de aprendizado específico ao que este necessita.

 

  • Dados analíticos e avaliação da aprendizagem

Atualmente, é possível obter informações referente aos alunos através das ações que este executa na plataforma como navegação, notas, perfil, troca de mensagens, etc.

Mas os dados mais importantes sobre o aluno são referentes ao que ele faz fora do ambiente virtual de aprendizagem, como navegação, suas preferências, localização e interesses, estas informações quando integrados ao sistema, devem proporcionar conteúdos específicos para este aluno.

A partir destes dados é possível desenvolver estratégias pedagógicas a fim compor situações de aprendizagem personalizadas para cada aluno.

Outro aspecto importante é a avaliação com aspectos formativos, adaptativos, analíticos ou a partir de competências.

Para isso algumas universidades estão criando sistemas de base de competências, e um aspecto do NGDLE é integrar as atividades com estas competências já pré-formatadas.

  • Colaboração

A colaboração é outro aspecto importante para o futuro ambiente virtual de aprendizagem, a colaboração deve acontecer entre diferentes níveis, ou seja, entre inscritos no curso e entre recursos externos. Tornando, assim, a colaboração entre o privado e o público facilitado.

A partir disso, o planejamento do curso deve prever a colaboração e não uma metodologia a ser aplicada tardiamente, quando o curso já está sendo ofertado.

O NGDLE contará com mecanismos que integram aspectos externos ao ambiente virtual de aprendizagem, ou seja, não só a vida acadêmica do aluno, mas também profissional, como por exemplo, a integração com portifólio e publicação de conteúdos externos.

Brown, Dehoney e Millichap (2015) definem os LMSs como “jardins murados”, ou seja, são belos como um jardim, porém escondido de todos, tudo o que se desenvolve no LMS fica no LMS, como uma comunidade privada.  Essa forma de disponibilização é justificada, de forma parcial, por conta da preservação de direitos autorais dos participantes. Além disso, não torna o erro público, e assim livre do alvo de julgamentos, mesmo considerando que a tentativa e o erro fazem parte do aprendizado,

Porém, o desafio do NGDLE é justamente a possibilidade de escolher quais partes do conteúdo devem ser privadas e quais devem ser públicas.

 

  • Acessibilidade e design universal

O conceito de design universal está relacionado ao desenvolvimento de serviços e ambientes acessíveis ao maior número possível de pessoas, independentemente de suas deficiências.

Para a próxima geração do ambiente virtual de aprendizagem significa torná-lo o mais simples possível a fim de que funcione bem tanto para o professor quanto para o aluno, ou seja, um design voltado tanto para quem recebe conteúdo quanto para quem desenvolve conteúdo. Uma vez que todos podem se tornar desenvolvedores de conteúdo enquanto interage com o NGDLE.

Ao abordar todos estes aspectos, caracteriza-se um ambiente como NGDLE.

Referências: https://er.educause.edu/~/media/files/library/2015/4/eli3035-pdf.pdf?la=en

Nenhum comentário ainda

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.