A polêmica de utilização do celular na sala de aula não é de hoje. Diante da proibição por lei de sua utilização nas escolas desde 2007, casos de apreensão por diretores e professores e preocupação dos pais, ainda há quem os defenda, pesquisadores que veem nos dispositivos móveis além de objeto voltado apenas para o entretenimento e dispersão, mas também a possibilidade de ensinar e aprender através dele. Esse é um conceito denominado Mobile Learning.

A matéria realizada pela Rede Record no dia de hoje (07/02/2011) retrata bem as possibilidades de utilização dos dispositivos móveis na sala de aula, revertendo, assim, a ideia de celular como um agente que compete com os estudos. Porém é inocente crer que todos os problemas em relação a motivação e interesse por parte dos alunos estariam resolvidos se estes dispositivos fossem inseridos na escola, como mostra a reportagem idealizadora. É importante analisar alguns quesitos antes de focar em projetos de Mobile Learning, abaixo listo algumas indagações importantes a se pensar para que a atitude não seja uma atitude frustrada:

– O público tem acesso a tal tecnologia? Ou seria necessário algum órgão/instituição ou programa de doação de equipamentos para que o projeto dê certo?

– Supondo que 90% dos alunos tivessem um equipamento para interagir com o conteúdo educacional, esses mesmos 90% teriam equipamento 3G?

– Caso metade dos alunos matriculados pudessem ter acesso a tal tecnologia, será que a outra metade não se sentiria excluída, criando assim uma distinção entre duas classes sociais dentro da escola?

Em vista desses pontos, na minha opinião, é muito ideológico acreditar que o mobile learning inserido sem pesquisa de público e investimento principalmente em recursos humanos (formação de professores por exemplo) daria certo. Hoje já temos grande densidade de celulares na população brasileira, porém o acesso à internet e dispositivos com tecnologia 3G é ainda muito pequeno. 100% das projetos implantados fora do país, que eu li, contam com o fornecimento dos aparelhos para os alunos e professores.

A reportagem da Rede Record é muito interessante, pois começa a popularizar o assunto e mostrar as possibiliades com os celulares, desmitificando alguns mitos e preconceitos para a população e para os educadores também, porém foca apenas no público elitista de nosso país, em vista a tantas desigualdades sociais não podemos acreditar que a inserção do celular na educação será de acesso a todos

E assim deixo em aberto a questão:

A fim de implantar um projeto de tal nível em uma escola ou sistema, será a melhor maneira fornecer equipamentos, tecnologias e treinamento a todos os envolvidos para posteriormente focar no quesito pedagógico? Ou seja, primeiro formar todos a nível técnico para só depois desse passo alcançado partir para possibilidades metodológicas inseridas no ensino aprendizagem desses jovens? Ou o ideal seria trabalhar a partir da realidade dos estudantes de nosso país, de nosso público?

Nenhum comentário ainda

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.